top of page
Foto do escritorCecilia Bortoli escreve para Sala Nu Uáh

Slow beauty, skin food, beleza natural... Por onde começar?

Atualizado: 13 de fev. de 2021

Ultimamente vem crescendo o interesse das pessoas por cosméticos naturais, orgânicos, que não fazem mal à saúde nem ao meio ambiente. Com isso, movimentos como Slow Beauty e Skin Food ficaram na moda e hoje há uma porção de fontes de informação sobre o assunto na internet, bem como marcas de produtos que seguem essa linha.

Esses termos estrangeiros, em inglês, fazem parte de uma maneira de pensar que busca se aproximar da natureza, dos ciclos da vida e do bem-estar. Slow beauty é "beleza lenta" e skin food quer dizer algo como "comida para a pele". Logo, esses cosméticos se alinham com uma rotina mais simples, minimalista e sustentável. Quem curte esse tipo de cuidado, passa um tempo preparando seu próprio cosmético, estudando o assunto, procurando pequenas marcas de produtos naturais, higienizando recipientes que serão reutilizados e lendo rótulos de embalagens para saber exatamente o que contém nos produtos quando forem comprados.

É um mundo enorme para conhecer e descobrir! Só que antes de entrar nesse mundo, alguns passos preliminares podem ser muito importantes.

Nesse post, gostaria de falar um pouco sobre esses pontos iniciais, que dividi em três.


Primeiro, é preciso entender o que significa beleza natural. Isso requer lidar com os ciclos da vida, aceitar o envelhecimento, respeitar as mudanças relacionadas ao ciclo menstrual (se você é um ser humano que vivencia esse ciclo) e lidar com barreiras sociais, como preconceitos. Esses cosméticos naturais não pretendem modificar sua pele de maneira drástica, nem alterar traços, ou impedir a qualquer custo o envelhecimento. Nada disso. A ideia é sermos nós mesmos em todas as fases da vida.

Porém, o desafio de aceitar a própria beleza passa por várias camadas.

Para isso, é necessário um caminho de autoconhecimento mais amplo, que vai além da aparência, inclui o entendimento da própria identidade e do seu território. Pode ser interessante buscar apoio em grupos que trabalhem com empoderamento¹.

Cada recorte social vai sofrer um abalo diferente no padrão de beleza. Faz diferença se é homem ou mulher, cis² ou trans², branco ou negro, ou indígena, ou caribenho, ou se tem deficiências físicas e/ou intelectuais. Essas pessoas e mais tantas outras estão no todo que a beleza natural precisa incluir, ou não faria sentido pensar nisso.

Então, precisamos entender que temos um padrão de beleza imposto e que se resume em pele branca, traços brancos, cabelo liso, magreza, corpo definido, estatura alta e ausência de deficiências. Assim, a maioria das pessoas na América Latina (isso inclui Brasil, não se esqueçam!) está simplesmente fora do padrão, porque não corresponde a algum ou a vários desses requisitos, que também não abarcam todas as pessoas de outros territórios do mundo. Então, beleza natural é também uma questão política.

Para exemplificar, é só pensar que no Brasil e em vários outros países, pessoas negras precisam superar o racismo estrutural e o racismo das pessoas brancas para assumir sua beleza natural. Portanto, o movimento requer, também, que pessoas brancas desfaçam suas branquitudes e ajam de maneira antirracista para deixar tudo mais democrático.

Além do racismo, outras questões como gordofobia, machismo(s) e capacitismo (preconceito contra a pessoa com deficiência) vão interferir no processo. Assim, se você está em um desses grupos sociais, é importante procurar apoio para autoestima. Se você não está nesses grupos, ou está em um mas não em outro, é importante identificar os próprios preconceitos, que certamente existem, porque estão na estrutura da nossa sociedade. A partir daí é que dá para começar a se educar a fim de tornar o mundo um lugar melhor para todos e território de todas as belezas.

Beleza natural é, por assim dizer, transformar os espaços em lugares repletos de belezas diferentes, que espelham a riqueza e diversidade da própria natureza.


Depois que começa esse primeiro e importante passo, vem um outro também delicado: o tempo. Slow Beauty, para ser realmente sustentável e ecológica, precisa ser como o próprio nome já diz. Lento. Um cosmético natural de verdade, que não seja ecológico apenas no rótulo³, não vai curar a acne no mesmo tempo recorde que um sintético da farmácia. Um desodorante natural não impede a transpiração e não dura 48 horas. O uso desses cosméticos requer constância, esforço, preparo e cuidado. Ou seja, pede tempo de autocuidado na vida.

Por isso, se esse universo te encanta, mas o tempo ainda é uma questão difícil de adaptar, sugiro ir aos poucos. Experimente primeiro aquela boa e velha dica dos dermatologistas: reduzir o tempo no banho, a temperatura da água e não utilizar esponjas. O simples fato de não retirar demais a oleosidade da pele já vai dar jeito em muitos problemas e dispensar muitos cosméticos. Depois, escolha um produto que você vai deixar de usar na sua rotina e um que você vai substituir³ por algo natural. Aí, devagar, isso vai se ampliando e a gente vê que boa parte dos produtos não são realmente necessários. Você pode descobrir que é possível fazer muita coisa em casa e com segurança, reutilizando frascos de alimentos e utilizando produtos simples, como óleos e manteigas vegetais.

Se ficarmos só na casca desses movimentos, o consumismo vai ser o mesmo de sempre e de nada vai adiantar. No entanto, estando dispostos a uma mudança profunda, um mundo de natureza e alimentos para nutrir lentamente a pele vai se abrir. Só com redução de consumo, paciência e empatia é que esses movimentos podem representar verdadeiras e importantes mudanças.


 

¹ Sugestão de grupos que tem como objetivo o empoderamento: Ilu Oba de Min, Grupos de apoio à inclusão social para pessoas com deficiência do CREAS.

² Pessoas cisgênero são aquelas que se identificam com o gênero atribuído ao nascer, de acordo com seu sexo biológico. Pessoas transgênero são aquelas que não se identificam em algum grau com essa mesma atribuição de gênero.

³ Para saber mais sobre os químicos encontrados em cosméticos sintéticos, escolher que produtos deixar de usar e quais substituir, veja essa super matéria que o pessoal da Cosmetologia do Bem preparou.


>>Conheça, também, duas contas do Instagram para seguir e saber mais sobre o assunto:


 

As imagens utilizadas são dos arquivos disponíveis no Wix.



18 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page