Você já parou para pensar em nuances que permeiam nossa comunicação? Eu tenho esse hábito constante, um pouco por prazer e outro tanto por necessidade. O post de hoje é uma reflexão sobre alguns desses detalhes essenciais que permeiam nossas gargantas e orelhas.
Talvez você não saiba, mas a gente escuta por dentro, por fora e com o corpo todo. As vibrações da nossa voz e da voz das outras pessoas formam um amálgama de ondas sonoras que massageiam - ou machucam - nossa pele, incluindo o tímpano, que é uma pele da orelha interna.
A gente escuta por dentro e por fora??
Sim! Por exemplo, quando podemos falar ou cantar, nossa própria voz é percebida interna e externamente ao mesmo tempo. Você já ouviu sua voz gravada e estranhou um pouco o timbre que escutou? Se nunca reparou, faça a experiência. Na gravação, sua voz pode soar desconhecida, porque a experiência subtrai a escuta de dentro do corpo.
Aquela vibração forte no peito que você pode ter percebido em um show de música ao vivo - antes da pandemia, quando a gente podia participar desses eventos - é o exagero dessa sensação externa do som. Em outras intensidades, os sons mais suaves também vibram no nosso corpo.
Então, escutamos com o corpo todo??
Sim! Um bom exemplo disso é que em aulas de música com pessoas surdas, gostamos de trabalhar em piso de madeira levemente afastado do chão (como um palquinho), pois isso facilita a percepção das vibrações das ondas sonoras pelos pés da pessoa com deficiência.
Como assim, os sons massageiam nossa pele?
Eu penso assim, vou explicar: é um jeito poético de se referir à voz e à escuta.
A voz de alguém, que se forma lá dentro da garganta, acontece pela vibração das pregas vocais, que estão úmidas e sendo estimuladas por músculos mais a corrente de ar da respiração. Isso, em si, já é um ressoar de som e de peles. Uma massagem, por assim dizer, nas pregas de quem fala ou canta. Essas ações todas são bem percebidas e trabalhadas por profissionais da voz, como cantores, cantoras, atrizes e atores.
Quando essa voz - ou qualquer outro som - chega ao nosso corpo, além das vibrações externas que podem ser percebidas ou ignoradas de acordo com sua sensibilidade ou com a intensidade do som, nossa orelha interna também é estimulada. O tímpano vibra e, com tudo isso, nosso sistema nervoso recebe informação. Escutar na orelha e decodificar no cérebro são processos diferentes e que fazem parte da escuta. E tudo começa com um roçar do som na pele do corpo e da orelha.
E... pode machucar?
Sim, física ou psicologicamente.
Sobre a parte física, um som forte pode causar um machucado no tímpano, o que requer tratamento médico e pode até provocar surdez.
Vários minutos por dia de sons muito fortes nas orelhas também podem causar estresse, deficiência auditiva e outros problemas. É preciso tomar cuidado com o uso dos fones, que deve ser feito com moderação e volume baixo. Trabalhadores expostos a sons e ruídos precisam de protetor auditivo e de exames regulares de audiometria. Cuide-se, porque até mesmo os sons considerados normais em grandes cidades são precursores de problemas de saúde.
Eu, como musicista e educadora musical, utilizo fones em volume baixo e com moderação, evito espaços muito barulhentos sempre que possível e faço audiometria todos os anos.
No que diz respeito ao lado psicológico, a fala em si pode representar tanto o carinho como a violência. Agressão verbal, insultos e ameaças são formas de violência e fazem parte das agressões sofridas todos os dias por pessoas ao redor do planeta, estão na lista de problemas relacionados à violência doméstica, violência contra crianças e contra idosos. Isso precisa acabar! Se você passa por situações de violência física ou psicológica, disque 100 ou procure outros canais neste link.
E, para terminar...
Uma dica de ação para aprimorar sua sensibilidade vocal e auditiva. Experimente ficar alguns momentos em um ambiente silencioso, ouvindo a própria respiração. Em seguida, contraste esse silêncio relativo com murmúrios da sua voz, por exemplo, usando o som da letra "m". Perceba sua garganta, céu da boca, o alto da testa, o peito, o abdome e as orelhas durante essa atividade. Aos poucos, pode ser que você sinta pequenas vibrações nessas áreas do corpo, que dizem respeito ao som sendo produzido e percebido por você.
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