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Foto do escritorCecilia Bortoli escreve para Sala Nu Uáh

Voz e escuta; post 2

No post 1 sobre voz e escuta, lemos um pouco sobre a fisiologia da audição, as maneiras de ouvir a própria voz e o quanto tudo isso está relacionado com a pele. Se ainda não leu, clique no link!


Assim, no post de hoje, vamos falar sobre um tipo de escuta, a escuta musical.


Entre as mais diversas possibilidades em escuta, uma delas é a escuta musical. Escutar música pode ser uma atividade analítica, que ocorre quando colocamos atenção ao que escutamos. Praticamos essa escuta para aprender uma canção, ao analisar a harmonia de uma música, para identificar movimentos melódicos e desenvolver a audição. Essas atividades são muito comuns para aquelas e aqueles que estudam música, amadores ou profissionais. Isso desenvolve um tipo de análise musical, de cunho ocidental, que faz parte da nossa educação musical formal no Brasil devido à nossa história colonial.

Porém, escutar música não precisa ser algo analítico o tempo todo.

Lembro que quando eu estava na faculdade de música, nos anos em que tive muitas matérias que desenvolvem a análise musical e a audição orientada para tal (percepção, contraponto, harmonia, análise musical, arranjo, etc) eu não podia ouvir de outro jeito. Todo o tempo, minha escuta acabava sendo analítica e isso foi torturante. Agradeço, também, porque aprendi muito sobre esse tipo de escuta e esse tipo de análise, mas fiquei aliviada ao final do ano, quando me permiti desligar desse assunto e voltar a ouvir música de outras maneiras.


Hoje eu consigo controlar minha escuta: ouvir sem analisar, acessando memórias, prazeres, sentimentos e, por vezes, ouvir com a escuta analítica, porque se faz necessária no meu cotidiano.

Acredito que ouvir música, no geral, acaba sendo uma ação secundária para a maioria das pessoas. A música de fundo presente nos eventos sociais ou nos centros de compras, ou aquela playlist de treinar ou fazer faxina, por exemplo, estão nesse amplo leque da escuta considerada passiva. Eu discordo da passividade da "escuta passiva", tenho a sensação que não é possível escutar música de forma realmente inativa. Porém, isso é assunto para outro dia. Hoje, gostaria de propor algumas ações para trazer a escuta musical para o cotidiano de um jeito que ela seja a atividade em si e não o acompanhamento para uma tarefa.

Antes, um adendo! Não pensem que eu tenho algo contra escutar música de fundo: ao contrário, faço bastante. No entanto, friso que esquecemos de escutar música como atividade em si e acabamos por perder uma experiência muito prazerosa.


Agora sim, eis minha proposta:

Primeiro, separe um momento tranquilo do seu dia, que você possa repetir algumas vezes na semana. Então, escolha uma playlist que você gosta, ou apenas uma música, e comece a escutar.

Não faça mais nada nesse momento, apenas fique confortável, na posição que quiser, e escute uma música do começo ao fim.

Sim, isso parece fácil... Mas é difícil. A gente começa a olhar o celular, a pensar em mil coisas, levanta para arrumar um canto da casa... Não. Ao menos por uma música, aprecie cada som e silêncio que compõem seu ritmo, cada timbre âmbar ou brilhante que soa dos instrumentos ou vozes, cada recurso tecnológico ou estilístico que aparece na obra. Isso é uma delícia... ;)


Agora, caso você estiver sim interessada/o em desenvolver sua escuta analítica, então separe alguns minutos na semana para o seguinte:

Escolha uma música qualquer.

Ouça prestando atenção a cada som que aparece na música. Pergunte-se: quais instrumentos soam na gravação? São acústicos, eletrônicos? Tem vozes? Quantas vozes? Como são esses timbres?

Até aí já é bastante, hein... Agora, se quiser continuar:

Pergunte-se: qual o andamento dessa música? Para isso, procure acompanhá-la com algum som corporal, como estalar de dedos ou bater os pés. Dependendo da música que você escolheu, esse exercício pode ser fácil ou difícil. Experimente com algum dos seguintes gêneros: pop, rock, música de concerto do período clássico, rap... E, se o andamento mudar durante a música, não se desespere, apenas identifique e acompanhe.


Por agora, é só (tudo) isso.

E aí, você experimentou as propostas de escuta desse post? Conta para a gente!



 

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