Chegamos ao terceiro desses posts introdutórios sobre voz e escuta. Os dois primeiros podem ser lidos aqui: post 1 e post 2. Resumidamente, o primeiro fez um apanhado sobre alguns pontos fisiológicos da escuta e sua relação com a pele, incluindo a escuta da própria voz; o segundo focou em escuta musical, com propostas de ações para você incluir esse hábito na sua rotina.
Agora que já tivemos um apanhado geral e focamos em escuta, vamos olhar para a voz e para a saúde vocal.
Primeiro, um brainstorm de perguntas:
Qual o papel da voz na sua vida? Você se comunica falando, gosta de conversar? Trabalha com a voz ao telefone? Sua fala é muito importante durante o trabalho, usando a voz para dar aulas, por exemplo? Explora de maneira artística as potencialidades vocais, como no caso de quem canta, atua, interpreta, dubla?
Em qualquer um desses casos, é importante dar atenção a essas potentes e delicadas pregas que temos na garganta. As pregas vocais vibram e são ativadas pela ação de diversos músculos do trato vocal, mais a corrente de ar e umidade. Assim sendo, podemos manipular conscientemente as alterações de timbre, intensidade e altura, entre outras, por meio de técnicas que podem ser acessadas com prática e propriocepção.
Quem usa a voz artisticamente já se deparou com essas dinâmicas, quem já passou por tratamentos em fonoaudiologia conhece alguns exercícios para saúde vocal. Porém, muitas pessoas que usam constantemente a voz não têm consciência sobre pontos importantes da saúde vocal, sendo que podem desenvolver problemas com o passar do tempo.
Como regra geral, atente para o uso de força no pescoço ou nos ombros para falar, pois essa tensão, além de não ajudar, atrapalha bastante. Descanse sua voz, com momentos de silêncio e
sono de qualidade por tempo adequado. Verifique quanta água está bebendo por dia - normalmente o recomendado são 2 litros diários para uma pessoa adulta, mas você pode querer consultar um profissional da nutrição para averiguar suas necessidades específicas. Saiba que o uso inadequado ou excessivo da voz pode gerar problemas de saúde como fendas, calos, rouquidão (que pode ser um sintoma desses problemas), cansaço ou fadiga vocal, perda de voz, entre outros. Se você tem algumas dessas queixas, procure um médico ou médica otorrinolaringologista e um/a terapeuta da fonoaudiologia.
Caso você não tenha nenhuma queixa sobre sua saúde vocal, mas gostaria de cuidar mais da sua voz e se conscientizar da potente ferramenta de comunicação que tem na garganta, dê uma olhada nessas práticas:
- Deite-se em decúbito dorsal (de barriga para cima, deitando nas costas) e respire. Observe sua respiração. Após algumas respirações, coloque uma revista ou livro (pequeno, levinho) sobre o umbigo. Observe o movimento de subir e descer do ventre conforme você respira. Interfira algumas vezes: experimente inspirar inflando o abdome e as costelas - o livro vai subir; e expirar murchando o abdome e fechando as costelas - o livro vai descer.
- Faça sons que os bebês emitem quando estão prestes a falar. É comum ouvi-los fazer um barulho de motor, com os lábios, explorando graves e agudos. Então, com vibração de lábios (ou de língua) busque diferentes alturas e intensidades para o som da sua voz, observando se você não está com nenhum desconforto durante a prática.
- Solte o ar algumas vezes com a letra "n", de maneira bem suave e sinta a reverberação dessa consoante na cabeça e no restante do corpo.
- Cante uma música e escute com atenção o som da sua voz passando pelas palavras e notas musicais.
Essas dinâmicas proporcionam aumento da propriocepção das ressonâncias do canto e da voz, sensibilização para a respiração e para a escuta da própria voz - o que é difícil e intimidador para muita gente. Então, pratique e conte como foi! Vamos gostar de saber!
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Imagem criada com Adobe Express.
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